domingo, 19 de dezembro de 2010

Reprova ou não reprova, eis a questão!!!




Meu projeto refeito. Espero que agrade e eu passe. Torçam por mim.

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ
Centro de Ciências Humanas – CCH
Estágio supervisionado II: oficina de instrumentos didáticos.
Professora: Maria Antônia Veiga Adrião.


RENATA MAGDA NASCIMENTO FERREIRA

PROJETO DE ENSINO

Sagrado versus profano: desconstruindo o pensamento estereotipado em relação à mulher.

SOBRAL – CE
Dezembro de 2010



“O povo brasileiro surgiu do cruzamento de uns poucos brancos com multidões de mulheres índias e negras. Daí a tolerância no Brasil das uniões inter-raciais nunca tidas como crime ou pecado.” MUNANGA, Kebengele. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil: identidade nacional versus identidade negra. - 4. ed. - Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009.





SAGRADO VERSUS PROFANO: DESCONSTRUINDO O PENSAMENTO ESTEREOTIPADO EM RELAÇÃO À MULHER.


2 – RESUMO: Projeto realizável em 8 encontros, com utilização de trabalhos em equipe, leituras, músicas, imagens além da organização de uma feira culminante.

3 – PÚBLICO-ALVO: Estudantes do ensino médio da Escola de Ensino Fundamental e Médio São Francisco da Cruz.

4 - PERÍODO DE EXECUÇÃO: ano de 2011.


“O conhecimento do “outro” possibilita, especialmente, aumentar o conhecimento do estudante sobre si mesmo, à medida que conhece outras formas de viver, as diferentes histórias vividas pelas diversas culturas, de tempos e espaço diferentes. Conhecer o outro e o “nós” significa comparar situações e estabelecer relações e, nesse processo comparativo e relacional, o conhecimento do aluno sobre si mesmo, sobre seu grupo, sua região e seu país aumenta consideravelmente.” EDUCAÇÃO, Ministério da. Parâmetros curriculares nacionais – História e Geografia. - 3. ed. – Brasília : A secretária, 2001.

5 – JUSTIFICATIVA:
Quase sempre nos é apresentada uma história positivista, que prima por seus heróis, homens que segundo essas narrativas fizeram à história do país. A mulher por séculos é fadada à submissão e ao esquecimento. E no que se refere ao tema, em paralelo, há ainda uma distinção social nítida que é carregada de um idealismo ainda colonial, este, por sua vez, inferioriza a mulher negra, e em contrapartida exalta a mulher branca. Uma (branca) foi feita para o casamento, cuidar dos filhos, ser a esposa. A outra (negra) nasceu para ser a escrava, cuidando dos afazeres da casa e zelando para que o seu senhor estivesse sempre “ satisfeito.”


Essa negra fulô

Essa negrinha Fulô!
ficou logo pra mucama
pra vigiar a Sinhá,
pra engomar pro Sinhô!


Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!


Ó Fulô! Ó Fulô!
(Era a fala da Sinhá)
vem me ajudar, ó Fulô,
vem abanar o meu corpo
que eu estou suada, Fulô!
vem coçar minha coceira,
vem me catar cafuné,
vem balançar minha rede,
vem me contar uma história,
que eu estou com sono, Fulô!
( DE LIMA, Jorge. Pag. 23.)

O Sinhô foi ver a negra
levar couro do feitor.
A negra tirou a roupa,
O Sinhô disse: Fulô!
(A vista se escureceu
que nem a negra Fulô).

Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!

Ó Fulô! Ó Fulô!
Cadê meu lenço de rendas,
Cadê meu cinto, meu broche,
Cadê o meu terço de ouro
que teu Sinhô me mandou?
Ah! foi você que roubou!
Ah! foi você que roubou!

Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!

O Sinhô foi açoitar
sozinho a negra Fulô.
A negra tirou a saia
e tirou o cabeção,
de dentro dele pulou
nuinha a negra Fulô.
( DE LIMA, Jorge. Pag. 24.)

Este projeto foi feito para romper com mentalidades que advindas de séculos, privilegiam determinadas classes e excluem outras, seja pela cor, pela condição financeira ou mesmo por ter sido implantado tais preconceitos contra a mulher, desde muito cedo, na convivência diária. Através desse estudo, direcionar o estudante para entender de forma ampla o papel da mulher em nossa sociedade, independente de qualquer distinção, o que queremos é mostrar de forma unificada que as “fêmeas” fizeram e fazem com grande significação, tanto quanto a dos homens, uma história de lutas e vitórias.

OBJETIVO GERAL:
Oferecer subsídios para uma história das mulheres, fazendo compreender que esta exigiu coragem, luta e resistência. Oferecer mecanismos para que seja “plantada” nos estudantes uma mentalidade que vise construir um futuro de mais tolerância e menos desigualdades. Haja vista, que isto só poderá acontecer se esta história for trabalhada de modo a interagir com a realidade do estudante, ( mães, avós, professoras, tias). Fazendo-o entender a importância que tiveram e têm as mulheres, em particular essas mulheres de seu cotidiano.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Abordar a questão de gênero, enfocando a questão do preconceito e a mentalidade criada em tempos de Brasil colônia ( o ser sagrado e o profano), mostrando como isso consegue se manifestar até hoje, tentando desconstruí-lo.

Discutir esteriótipos, apontando aos alunos que estes não formam uma verdade incontestável.

Trazer essa questão para a realidade do aluno, fazendo-o perceber algumas situações que acontecem com eles próprios, ou com pessoas que estão diretamente ligadas a eles.

Pesquisar sobre as mulheres de forma ampla, tanto as de antigamente, como as da atualidade, trabalhando também nesse aspecto com mulheres de sua comunidade, bairro, rua.

Estimular nos alunos uma consciência crítica que possa futuramente repassar aos seus uma noção de mundo mais abrangente.

Instigá-los a lutar por seus direitos, respeitando sempre o direito dos outros.

RECURSOS DIDÁTICOS:
Trabalharei com o livro: “Mulheres no Brasil colonial”, como fonte de pesquisa. Além de utilizar fontes como: músicas que explorem a questão da mulher ex: “MULHERES GOSTAM”, interpretada por Marina Elali. Entrevistas com mulheres que tiveram uma notoriedade pública nos últimos anos e imagens.

METODOLOGIA E CRONOGRAMA:
Serão oito aulas e numa delas a temática entrará em parceria com a disciplina de literatura.

1º aula – De cara com a realidade: O mundo é composto de homens e mulheres, fazedores de história.
Fazê-los perceber que o mundo é composto por homens e mulheres, que fizeram a nossa história e que permeiam os livros de sala de aula. Mas, isso apenas é muito óbvio, é preciso incorporar estes sujeitos ao seu cotidiano, levando-os para a realidade de cada um. Entendendo que os pais, avós, irmãos, amigos, constroem também essas narrativas, mesmo que indiretamente.

2º aula – A mulher no período colonial: visão geral do gênero no período.
Debater questões relativas ao período colonial, abordando assim de forma mais profunda o título do projeto: Sagrado versus profano: desconstruindo o pensamento estereotipado em relação à mulher.

3º aula – “Mulheres gostam”: questionamentos sobre a mulher contemporânea versus a mulher colonial.
Ouvir a música citada no recurso didático e questionar os alunos sobre o que sabem que idéias e opiniões, dúvidas ou hipóteses eles tem sobre o tema em debate, valorizando seus conhecimentos, propondo novos questionamentos.

4º aula – História e literatura: “A pata da Gazela” como mecanismo de aprofundamento das questões de gênero.
Trabalhar o tema de forma interdisciplinar, usando a literatura como outra forma de capitação do aluno em relação à problemática. O livro proposto seria “ A pata da Gazela” de José de Alencar que trata da questão da mulher, idealizada nos romances da época, seria esta a mulher branca, pálida, sem muitos atributos no que se refere à questão do corpo, quase que como uma santa intocável versus a mulher negra, cheia de curvas sinuosas, objeto do desejo e do pecado.

5º aula – A mulher através de imagens: posicionamentos acerca do decorrer dos séculos.
Fazer questionamentos sobre a mulher da atualidade, levando imagens de outros séculos e imagens atuais, e pedindo para que os alunos digam o que pensam sobre tais imagens, dizendo que diferenciações e semelhanças eles perceberam.

6º aula – Entendendo o passado através da minha realidade: minha mãe também faz parte da história, eu também faço parte da história.
Leitura de trechos do livro: Mulheres no Brasil colonial, pedindo para que posteriormente em cima dessa leitura seja feita uma pesquisa de aspectos que eles consideraram importantes e daí, façam uma relação dessa pesquisa com a realidade de sua comunidade, bairro, rua.

7º aula – Sob meu ponto de vista: essa mulher é importante porque...
Passar vídeos com mulheres de notoriedade e pedir para que os estudantes produzam também suas entrevistas com mulheres de seu convívio que eles considerem importantes de algum modo.

8º aula – Propor a culminância dos trabalhos em forma de feira pedagógica com apresentações de todas as atividades planejadas.

AVALIAÇÃO:
Poderá ser considerada satisfatória se todas as etapas dessa proposta forem desenvolvidas, de modo a respeitarmos ainda mais as mulheres e construirmos a consciência de igualdade. É necessário que fujamos de esteriótipos e foquemos nossa aprendizagem para uma história das mulheres unificada, percebendo que cada uma delas, dentro de suas possibilidades, construiu junto com os homens a história da nossa sociedade. Independentemente da cor e do passado, o que importa é que daqui pra frente precisamos montar um ambiente menos preconceituoso e mais voltado para objetivos em comum.

CONCLUSÃO:
Com este projeto, acredito ser possível passar a meus alunos, uma forma abrangente da importância do gênero feminino ao longo dos séculos, estas mesmo diante de tantas distinções, foram capazes de encontrar maneiras de unir-se e fincar influências ideológicas e históricas que integram nossa cultura. Viso desenvolver por meio da educação uma melhor compreensão da história e sociedade, desconstruindo esteriótipos, que podem acabar por dificultar a aprendizagem e ferir direitos primordiais que são passíveis a todos.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

DEL PRIORE, Mary. Mulheres no Brasil colonial. São Paulo: Contexto, 2000.

EDUCAÇÃO, Ministério da. Parâmetros curriculares nacionais – História e Geografia. - 3. ed. – Brasília : A secretária, 2001.

MUNANGA, Kebengele. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil: identidade nacional versus identidade negra. - 4. ed. - Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009.

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